terça-feira, 15 de janeiro de 2008

MUNDO REAL



Acordo correndo, visto a roupa com pressa.Esta é minha rotina para poder chegar ao trabalho, sempre com alguns minutos de atraso.

É sempre a mesma coisa, não me corrijo e por isso, acho eu, que estou sempre cansada, desde o momento que acordo.

Colocar a culpa em tudo e em todos é minha salvação.
Ou é o ônibus, o trânsito,a chuva ou o sol, muito forte.

Dor! Sinto em todo o lugar. Quando não mato alguém para me desculpar.

AH! E tem também a virose, que insiste em me acompanhar. É a virose da preguiça. Preguiça da segunda, para poder matar o trabalho, pois festejei muito no final de semana e a da sexta, para fazer um emendão.
É como os sintomas são sempre os mesmos, fácil é conseguir um atestado, pois do paciente não se pode duvidar.

O dia passa voando, mas quando acaba parece que deixei sempre algo a fazer. Não sei explicar direito, é uma sensação do dever não cumprido, algo esquecido e fica aquela frustração.

Chego em casa, após mais um dia de trabalho - obrigatório – pois é assim que me sinto, olho para bagunça da casa, sem vontade de arrumar. E é esta visão que tenho ao botar os pés em casa, que faz piorar meu humor.


Não é que eu não goste de minha profissão, pois esta foi escolhida movida por princípios ideológicos que não abro mão. Vocês acham baboseira? Eu não acho. Na minha época era esse o motivo que levava um jovem a seguir esta ou aquela carreira profissional e dava certo.

Não gosto mesmo é de meu salário, pois este é insuficiente para minha sobrevivência, não sobrando para que eu possa contratar alguém que me ajude no serviço doméstico. Daí a sobrecarga da profissional em questão.
É como se fossem dois ou três turnos de trabalho.

Os homens tem que admitir que não há beleza que resista à esta rotina maluca.

Se, sempre o “se”, meu salário fosse melhor daria para descansar, planejar melhor meu tempo, relaxar, fazer aulas de dança – que eu sempre desejei praticar – marcar sessão de acupuntura.

Todos esses benefícios iriam melhorar muito meu empenho profissional, pois uma coisa leva a outra.

Não que eu não me esforce. Claro que eu tento, mas estou sempre correndo, desejando que o fim do mês chegue rápido, na esperança de sobrar algum.

Sonho com o dia em que serei reconhecida, por meu trabalho. Pois, com meu reconhecimento também virão aos benefícios financeiros.

Tento me atualizar, estar sempre procurando novas idéias com o objetivo de fazer crescer a empresa na qual trabalho, pois, com o crescimento da firma aumenta minhas chances de reconhecimento.

Só espero que neste dia, quando a empresa crescer, os chefões, olhem para os profissionais que vestiram a camisa da empresa.

Este também é meu medo, pois, sei de casos de empresas que quando cresceram esqueceram das pessoas que estiveram trabalhando para fazê-la crescer e ainda usaram a frase: novos tempos, novos colaboradores - para achar uma desculpa para o que fizeram com seus antigos empregados.

Mas o tempo não pára, como já dizia o poeta, e eu estou cada dia ficando mais ansiosa e insatisfeita.

Estou vendo meus cabelos ficarem brancos, minhas pernas não agüentarem tanto tempo em pé. E se o reconhecimento chegar quando eu não puder aproveitar. Será que valeu a pena, tanto esforço? Tanto tempo a esperar.

E assim sigo em frente, levando a vida. Um dia com grande entusiasmo, outro em grande depressão.

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