quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

CARTÃO DE CRÉDITO




Lá estava ela, toda boba, com seu primeiro cartão de crédito.Segundo mês de uso, foi às compras. Só que descobriu neste dia que não entendia nada desse tal cartão, um pequeno pedaço de plástico tão prático para ser usado e tão complicado para ser administrado.

E a senhora, com um carrinho, cheio de compras, desfila ao lado de sua filha e de seu marido. Quer coisa mais importante para esta mulher, não muito jovem, do que exibir a todos a sua família, demonstrar ter alcançado um poder aquisitivo que lhe proporcione ir às comprar em um grande supermercado. Essa é a diversão nos tempos atuais da grande parte de uma classe que vê seus rendimentos encolherem a cada dia.



A manhã estava só começando e aquele pequeno ato consumista demonstrava que o seu padrão de vida estava melhorando.E com estes pensamentos as compras chegam ao caixa, sendo armazenadas em sacolas de acordo com o uso e de maneira prática para quem for guardá-las quando chegar em casa,e após, colocadas em um carrinho.



Tudo pronto, agora era só pegar o cartão, passar pelo caixa e ir para casa. Que prático!
Não precisava nem de dinheiro, e se precisasse? Não, esta não é uma boa pergunta para fazer.Não, nesta hora, no caixa do supermercado e num mês daqueles, férias escolares, na qual o mês estica e fica maior que o nosso salário.



Só que foi nesta hora que apareceu o vilão. Vilão? Sim.
Pois, esta respeitável senhora descobriu que não sabia usar o “dinheiro de plástico”, naquele momento, quando a moça do caixa pegou o cartão para passar na maquininha e este deu algum problema. Era só olhar para cara que a atendente do caixa fez, que se percebe a existência de algo errado, se vê o problema, mas ela insiste em falar:

- A senhora verificou o crédito de seu cartão?
_Como?
_Seu cartão não está apresentando crédito, senhora.
-Como? Eu paguei ontem na lotérica.
- A senhora tem comprovante?
- Aqui? Não.
Daí vem a pergunta fatal?
- A senhora pagou todo o débito ou parcelou?

Que história era aquela, o que ela queria dizer com aquilo? No boleto estava escrito que as compras poderiam ser parceladas, mas não estava escrito que o parcelamento diminuiria seu crédito .Bem que seu marido lhe tinha avisado, que para ter um cartão de crédito é necessário entender de orçamento doméstico, e então, é chegada a hora de valorizar o curso de Administração e arrepender-se de não tê-lo feito.Aí começou a murchar, franzir a testa,mexer as mãos, ao mesmo tempo em que respondia um tímido sim, mas um sim que quer dizer não.




Neste momento, caí à ilusão criada de poder tudo por ter um cartão de crédito e vem à tona a sua real situação.Fez pose, pois sabia do constrangimento que faria todos passarem se admitisse sua falha. Logo ela que se achava acima de falhas e responsável pela boa administração das despesas de sua casa. E, também tinha consciência que se este seu ato falho viesse a público seria motivo de chacota por muito tempo. Então, tomou a decisão de continuar negando, falando que deveria ter havido algum engano.




A coitada da atendente até tentou remediar a situação, sugerindo-a que se dirigisse à gerência, pois ali tudo seria resolvido. Mas, para não ficar com o moral baixo diante de seus familiares, tentando não sair do salto, a senhora disse que não, que não queria mais aquelas compras, que iria a outro supermercado. Saindo dali com muita pressa, doida para enterrar-se em um buraco.

Um comentário:

Unknown disse...

Anna,

Adorei seus textos. Muitos de nós passa, ou já passou, pelas mesmas situações. E a forma como você aborda os assuntos prende o leitor até o fim.

Parabéns. Continue nessa linha.

Abraços,

Paulo